quinta-feira, 26 de maio de 2011

VENDO A BANDA PASSAR...


Estava`a toa na vida e o meu amor me chamou ...

Ok, ninguém me chamou pra ver nada, mas...

Ficar `a toa incomoda muita gente. Pra ser sincera, a primeira a se incomodar com isso, fui eu mesma. Achei que não iria me adaptar. Pra não me deprimir, fiz planos, estipulei rotinas: caminhada de manhã, escrever a tarde, colocar a leitura em dia, mercado terças e quintas.

Nunca cumpri nenhuma. Vou ao mercado quando a geladeira pede. Escrevo quando tenho vontade (o que tem sido bem raro). Leio dois livros ao mesmo tempo, sem pressa, sem correria. Acordo nem sempre na mesma hora. Tem dias, que me permito ler o jornal na cama e só levantar depois disso.

Mas aí você que me conhece, me pergunta:
- Não ta achando estranho ficar em casa? Já pensou em fazer um curso? Não tem como fazer um frelaa?

E eu, surpresa com minha própria resposta, te direi: “um salário a menos em casa e eu vou fazer um curso? Os dias estão muito bons. Sempre tenho que fazer (mesmo que seja não fazer nada). E passa tão rápido.”
Puxa gente! Eu trabalho desde os 15 anos. Sem parar! Nunca tive um momento sabático, férias de mais de trinta dias. Mereço aproveitar o acaso da situação e me entregar `a Sessão da Tarde. Não mereço?

Bom aí, você que é educado não dirá, mas pensará:
- O cérebro vai atrofiar em casa... Deus me livre ficar tão improdutivo. Cruzes.

E o tal do ócio produtivo?? Não conta? E relaxar e descobrir que posso ser bem melhor do que aquela mulher estressada que trabalhava 10 horas por dia? E a saúde? A espiritualidade que volta a ser prioridade? Também não contam?

Mas eu te entendo. Eu mesma sempre pensei assim: “Pobre sem trabalhar é desempregado. Rico sem trabalhar está em seu momento sabático.”

Vamos combinar o seguinte: eu não sou rica. Estou me apertando aqui e ali pra me adaptar a essa nova situação, mas longe de mim reclamar. Apesar disso, quero ter o direito de ter um momento sabático. Sem culpa!
Diferente dos mais afortunados, não vou fazer mil cursos e conhecer milhares de lugares diferentes. Vou me dedicar a mim e ao momento. Que tal? O dicionário Aurélio diz:

Sabático:
adj. Que diz respeito ao sabá: descanso sabático. / Que diz respeito ao sábado. / O sétimo ano, entre os judeus, santificado pela cessação dos trabalhos agrícolas. / A licença de um ano concedida, a cada sete anos, a certos empregados nas empresas, e a professores universitários em alguns países: férias sabáticas.


E apesar da saudade (que bate sim, não vou mentir), quando acabar meu período sabático, poderei voltar a ter uma resposta mais adequada a pergunta:
- Quem quer falar?
- Barbara
- Barbara de onde?


Enquanto isso, sigo respondendo:
- Barbara de Sabá